Monday, May 28, 2007

Memórias

Todos os anos por alturas das semanas académicas sou inundado com uma infinita quantidade de fitas das mais diversas cores (parece que tem a ver com o curso) em que tenho que escrever algo bonito em memória daquilo que passamos durante o tempo de estudantes para memória futura. Em primeiro lugar acho que as fitas estão banalizadas uma vez que recebo fitas vindas de pessoas que nada me dizem, com as quais ao longo desses, vá lá 5 anos, pouco convivi e as trocas de palavras se resumiam a um simples "bom dia!". O que deverei escrever nesse caso na fita? Só me ocorre "bom dia".

Mas nem são esses casos que me preocupam, eu entro na onda, escrevo qualquer coisa bonita que tanto se pode destinar a essa pessoa como a outra qualquer, trivialidades portanto. O que me custa é ver pessoas com quem passei grandes momentos, alguns dos quais indiscritiveis, que por mérito próprio posso hoje chamar de amigos, pedirem me que lhes escreva uma fita. Porquê?

Em primeiro lugar aquilo que passamos não se escreve, vive-se como nos fizemos! Numa fita por mais que tente nunca consigo exprimir a importância que esses meus amigos tiveram e continuam a ter na minha vida. Sou daquelas pessoas que acreditam que uma imagem vale mais que mil palavras, e que as que marcam ficam para sempre.

A este argumento respondem invariavelmente que é para recordar mais tarde, "para me lembrar de ti". Pois eu refuto com o argumento que quando mais tarde nos encontrarmos para um café, ninguem vai levar as fitas para se recordarem dos bons (e dos maus, que esse também nos ajudam a crescer!) momentos que passamos. E muito mau seria que fosse necessário recorrer a uma fita para se lembrarem de mim e de tudo o que se passou.

Mas também invariavelmente ano após ano, lá acabo por escrever as fitas, daqueles que não conheço, de alguns colegas e dos meus amigos.
Acabam por ser esses momentos que não consigo descrever e esses sentimentos que não consigo transmitir que ficaram ao longo dos anos que fazem com que não consiga não escrever a fita. Porque foram esses momentos que permitiram que hoje eu os considere meus amigos e por eles eu faço tudo o que for preciso. E eles querem uma fita escrita...seja!

4 comments:

Sofia said...

Bem...já percebi que tu gostas de fugir à regra.
Eu não deposito tanto valor numa fita académica e também detesto aquelas pessoas que eu nunca tive qq relação me venham pedir para assinar uma fita. Eu chamo a isto "facturanço de fitas" ou então "fitas para encher chouriços".
Considero as fitas académicas uma homenagem que fazemos aos nossos amigos mais próximo´s. É lógico que em 30cm de comprimento com cerca de 5cm de largura não dá para escrever as alegrias passadas durante 5 anos, mas dá para deixar uma mensagem especial que mostra quão importante foi, é e será essa pessoa na nossa vida.
Concordo qdo dizes que uma imagem vale mais q algumas palavras bem arranjadas. Por acaso costumo por fotografias nas fitas...lolol

Assina lá as fitas e deixa-te de fitas lolol

Bjs :)

animal2 said...

Epah, 30 cm de comprimento e 5 de largura trazem muitas alegrias a muita gente!

E dá para marcar amizades como antigamente...

Com sangue!

Roma said...

Bela análise desta época "fiteira" caríssimo amigo. Olha, uma fita minha não tens, e a mim não deverás escrever nenhuma, pelo menos nos próximos tempos. Eu poucas fitas escrevi, uma para o meu mano, ainda antes de entrar pra U, mais uma ou duas a colegas da UAlg e este ano mais uma muito especial, de uma pessoa que fez questão de ter uma fita minha, voltando aos velhos tempos de lamber selos e esperar pelo correio...
Mas concordo inteiramente contigo, mal fora se precisássemos de fitas para nos recordarmos dos momentos que passámos com os amigos na Universidade. Tenha eu uma pasta com fitas, um dia, e não terá mais que umas 20 e e... Os amigos não precisam de escrever fitas, precisam é de nos aturar as fitas... Abraço

Inês Severino said...

Concordo contigo plenamente! Eu ainda tenho umas quantas fitas para assinar umas do ano passado e outras deste ano....sinceramente não tenho paciência nenhuma para escrever fitas, não sei o que dizer e geralmente atrofio sempre com a merda das canetas, umas borram tudo outras não escrevem bem...enfim, ainda alguém me há-de explicar como fazem para aquilo ficar tudo bonito e perceptível. Se é para recordar o que nós escrevemos então convêm não estar tudo completamente gatafunhado, certo?